Após infestação de muriçocas no Hospital Getúlio Vargas, nova ocorrência no Barão de Lucena volta a constranger o Governo Raquel Lyra, que acumula promessas não cumpridas e unidades em estado crítico.
Não se passa uma semana sem que venha à tona um novo episódio de descaso na saúde pública de Pernambuco. E os casos, diga-se, não têm sido triviais. Na semana passada, o Governo Raquel Lyra foi alvo de críticas nacionais após a divulgação de imagens que mostravam uma infestação de muriçocas no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Recife.
A situação gerou trocadilhos nas redes sociais e bastidores políticos, associando as raquetes elétricas usadas para matar os insetos ao apelido “Racreche”, adotado pela própria governadora. O termo foi atualizado com ironia para “Raquete” diante da repercussão negativa.
Nesta semana, outro episódio voltou a expor a fragilidade do sistema. Parte do teto da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Barão de Lucena desabou. O incidente ocorreu na mesma unidade que recentemente passou por reformas na UTI Pediátrica, sob a justificativa de ampliar o espaço e desmobilizar a estrutura do Hospital Correia Picanço, também no Recife.
Por sorte, ninguém ficou ferido, mas pedaços de gesso chegaram a cair sobre uma incubadora, evidenciando o risco de uma tragédia. O episódio representa mais um arranhão na credibilidade da gestão estadual, que tem demonstrado dificuldade em enfrentar os problemas estruturais da rede pública.
Durante a campanha eleitoral de 2022, Raquel Lyra prometeu priorizar a recuperação dos hospitais estaduais — começando pelo Hospital da Restauração (HR), símbolo da precariedade do sistema. Três anos após a vitória nas urnas, a promessa segue inacabada: apenas metade do 7º andar do HR foi reformada, enquanto o restante do prédio continua em funcionamento precário, sem previsão de obras.
A lista de problemas é extensa. O Hospital Otávio de Freitas já enfrentou apagões causados por falhas elétricas; o Hospital Ulysses Pernambucano mantém alas interditadas por risco de desabamento; e no Agamenon Magalhães, uma simples pintura de fachada foi anunciada como grande feito pelo governo — apesar da deterioração interna.
No Getúlio Vargas, que enfrenta risco estrutural e agora convive com muriçocas, a situação beira o colapso.
Enquanto isso, o governo estadual decidiu investir R$ 23 milhões em uma consultoria privada para apontar problemas já conhecidos nos hospitais, além de gastar R$ 80 milhões na desapropriação do Colégio Americano Batista e planejar outros R$ 99 milhões para a compra de um terreno onde, futuramente, pode ser construído um novo HGV — enquanto o atual segue pedindo socorro.
Entre raquetes elétricas, muriçocas e tetos que desabam, a saúde pública de Pernambuco permanece em estado crítico — um quadro que, ironicamente, mantém o sistema “na UTI” por falta de prioridade e gestão eficaz.

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