Um passo assustador na mistura entre política e religião. Pastor admitiu que se envolve com emendas parlamentares.



     Uma revelação feita pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta semana, mostra como a mistura indevida de política com religião está alcançando novos níveis no país.

    Segundo a reportagem, José Wellington Bezerra da Costa, líder da Assembleia de Deus do Belém, em São Paulo, admitiu com todas as letras que faz a intermediação do pagamento de emendas recebidas por três de seus filhos que são parlamentares: o deputado federal Paulo Freire Costa (PL-SP), a deputada estadual Marta Costa (PSD-SP) e a vereadora Rute Costa (PSDB-SP).

    “A emenda só vai para o prefeito por intermédio do pedido do pastor da Assembleia de Deus”, teria dito José Wellington durante reunião realizada nesta semana.

    A fala revela como religiosos estão tentando entrar na política para proteger seus próprios interesses. Já não basta a maluquice que é ter parte do orçamento sendo diretamente administrada pelo Congresso, agora fica evidente que não é o parlamentar que está escolhendo o destino dos recursos, e sim um Pastor.

    Procurado pelo jornal, José Wellington confirmou sua conduta e defendeu a atitude. “Quando o prefeito de uma cidade precisa de uma verba, é evidente que nós mandamos o pastor da nossa igreja para que ele tenha conhecimento com o prefeito”, disse.

    Além de mexer com recursos públicos, o pastor faz campanha política dentro da igreja. “Meus irmãos, trabalhem para eleger os nossos irmãos na fé, procurem eleger os nossos irmãos na fé. Glória! Seja fiel a este nome: Assembleia de Deus no Brasil”.

    As falas de José Wellington expõem a conduta que tem sido adotada por diversos líderes religiosos nos últimos. Usar o púlpito da igreja como palanque e tentar interferir nos recursos públicos em prol de seus fiéis já é comum e o movimento deve ganhar ainda mais força com a nova liderança da bancada evangélica na Câmara.

     O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) assumiu a presidência da Frente Parlamentar Evangélica. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, ele admitiu que sua prioridade será aumentar a participação de evangélicos no Congresso.

    “Focar na eleição para ampliar a bancada com o máximo de colegas. Somos sub-representados. Somos 30% da população brasileira, e não somos 30% dos deputados, muito menos dos senadores”, declarou o deputado.

    Com a postura de Sóstenes e a interferência de líderes como José Wellington, o Brasil vai ver, infelizmente, política e religião se misturando cada vez mais.





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