Velhos problemas e novos desafios para o País, por Armando Monteiro Neto.



Por Armando Monteiro Neto*

    O ano de 2022 começou com o agravamento de velhos problemas e novos desafios para o País. Estudos apontam que a pandemia exacerbou a nossa histórica desigualdade social, inclusive em termos comparativos ao resto do mundo, apesar do auxílio emergencial. O elevado e persistente índice de desemprego e a alta dos preços dos alimentos trouxeram de volta o flagelo da fome, que atinge quase 40% dos mais pobres. Neste ano, a dúvida é se o novo programa social, com valores ainda que reajustados, mas já corroídos pela inflação, irá atenuar esse cenário dramático. A médio e longo prazos, somente uma indispensável reorientação dos gastos públicos na direção dos que mais precisam, com a abolição de privilégios e um sistema tributário menos injusto, que não penalize os cidadãos de renda mais baixa, poderão transformar estruturalmente essa realidade.

    No campo da saúde, demonstramos em 2021 a extraordinária capacidade do SUS em garantir a imunização completa de quase dois terços da população. O sistema público de saúde continua desafiado a dar conta da pandemia e suas novas variantes, ao mesmo tempo em que precisa atender a inúmeras demandas, a exemplo das cirurgias eletivas e a vacinação de nossas crianças. Na educação, os dois últimos anos de pandemia acentuaram ainda mais a desigualdade no acesso ao ensino, sobretudo quando se verifica uma grande perda de aprendizagem dos alunos matriculados em escolas públicas, que não dispõem inclusive de acesso mais amplo à internet. Nesse sentido, é urgente uma ação articulada e coordenada entre todos os níveis da federação para garantir maior inclusão digital.

        Já na economia, o custo da desinflação, resultante do maior choque de juros em quase 20 anos, irá frear o crescimento econômico, mantendo o desemprego elevado com rendimento real dos trabalhadores em níveis baixos. É lamentável constatar que reformas estruturais que geram ganhos de produtividade e estimulam investimentos, como a tributária e a administrativa, terão menores chances de aprovação neste ano de eleições.

    Esses são temas de uma agenda antiga que precisarão ser enfrentados ao lado da agenda da modernidade que se impõe com a transição para economia de baixo carbono, a indústria 4.0, o avanço da digitalização e o desenvolvimento de novas competências no mercado de trabalho. Estamos, e é bom lembrar, em um ano eleitoral, em que a sociedade terá a oportunidade de analisar propostas e debater temas essenciais ao País, e que irão moldar o nosso futuro. O fundamental é que tenhamos um debate honesto, centrado naquilo que interessa ao conjunto da população, e que ofereça objetivamente novos caminhos ao Brasil, sem falseamentos ou populismos estéreis.

*Ex-senador e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog

ITAMARACÁ: Candidatíssimo, Rubinho continua crescendo na corrida para a prefeitura de Itamaracá, e já incomoda adversários.

      Na disputa pela prefeitura de Itamaracá, o ex-prefeito, e considerado pelos eleitores da Ilha, como o melhor prefeito da história de I...